História de praia
Tetê Lopes
Praia. Mar. Iemanjá, Rainha das Águas.
As homenagens a Iemanjá ocorrem na mesma data da santa católica Nossa Senhora dos Navegantes, sendo, com frequência, realizadas em uma única festa. A celebração acontece no dia 2 de fevereiro, em geral à beira-mar.
As manifestações mais comuns de devoção à Rainha do Mar se constituem em oferendas que são lançadas às águas, acreditando-se que serão levadas junto com os problemas de cada um, trazendo de volta, nas ondas, novas esperanças.
Foi isso o que Cristina tentou explicar ao filho Caio, 5 anos incompletos, durante as férias de fevereiro.
Na primeira semana de praia, Caio entra na água, ostentando os novíssimos óculos de mergulho. Ao final da manhã, já perdeu os óculos nas ondas e vem chorando pedir uma solução para a mãe. Ela, tentando sem sucesso consolá-lo, apela para as divindades: “Olha, acontece que Iemanjá, a Rainha das Águas, está acostumada a receber oferendas. E às vezes, quando ela gosta de verdade de alguma coisa, decide guardá-la. Ela deve ter resolvido ficar com teus óculos”.
Ele não se conforma, mas aceita. No dia seguinte, Caio brinca na areia com um pequeno balde plástico. Mais uma vez, a força da água leva o brinquedo. Novo choro, e a mãe reforça a história, desta vez conduzindo-o à água, para fazer um pedido: “Iemanjá, por favor, devolve o baldinho, senão não posso mais brincar!”.
Feito isso, Cristina entra no mar e, surpresa, logo encontra o objeto perdido. Volta, contente, e, julgando ter encerrado a questão com o filho, diz-lhe: “Olha, Iemanjá nos ouviu e devolveu teu baldinho!”.
Ele, tempestivo: “Mãe, volta lá e pede os meus óculos!”.