Não somos feitos de argila
Ângela Puccinelli
De que somos feitos, afinal?
Todos querem moldar uns aos outros, como se fossemos vasos de argila, que após
serem arrancados das rochas, tem um longo caminho onde vão sendo trabalhados,
moldados até ficarem certinhos, secos em fogo ardente e assim transformados em lindas
ou toscas peças de cerâmica.
Com certeza aprendemos e absorvemos muito das pessoas que nos
cercam: pais, irmãos, professores, amigos. Gente que tem amor e ensina, gente que não
tem amor e também ensina. Todos nos deixam suas marcas.
Mas diferentemente do barro, que tem sua tonalidade dada pelos óxidos, e suas
características físicas mudadas pelo forno de alta temperatura, nós temos
personalidade, alma. O que nos torna únicos.
Trabalhamos internamente todas as influências que vamos recebendo.
Digerimos. Regurgitamos. E assim vai se formando o caráter de cada um.
Com cerâmica, a mais antiga das indústrias, se faz vaso, casa, dente, tanta coisa.
Até componente de foguete. Com pessoas, se muda o mundo.
Assim como a alquimia do fogo transforma argila em cerâmica, a vida
nos transmuta: em almas brutas, primárias ou bonitas e sofisticadas.
Mas não objetos e sim em seres humanos.
De que somos feitos, afinal?
De argila é que não é.
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