Feliz nunca é demais
Aline Silveira
Era véspera de um feriado regional no estado do Rio Grande do Sul, lugar onde Maria mora. Entre os preparativos para festejar essa data tão esperada pelos gaúchos, outras atividades estavam por acontecer naquela noite. Noite que ela havia decidido não sair de casa, mesmo sabendo que todos os seus amigos estariam reunidos em um lugar.
A mocinha tinha lá seus motivos para não querer ir àquele local, naquela noite. Quando estava prestes a ir para casa uma amiga a convenceu de que já era hora de se desfazer de algumas lembranças ruins e sair de casa um pouco. Já estava presa (dentro dela mesma) há muito tempo. E porque seus amigos que estariam lá, mereciam que ela comparecesse ao evento, pelo menos alguns deles.
Como não havia planejado sair e não daria tempo de passar em casa para se arrumar, ela foi de calça jeans, tênis, camiseta e sem todo o aparato que costuma usar, para ir onde quer que fosse. O importante era ir.
Chegando lá, como já imaginava, se deparou com alguns olhares de reprovação mas para seu alívio eram minoria. Ela se sentiu acolhida, principalmente, pelos que a convenceram a estar naquele lugar.
Para alívio maior ainda, saiu de lá feliz. Feliz por ter ido, feliz por ter visto algumas pessoas das quais estava com saudade, feliz por ter conseguido ignorar a única presença que quase a impediu de ir, feliz porque se sentiu bem depois de vários meses.
Hoje ela se sente mais leve, com uma vontade de seguir em frente que há muito não sentia. Enquanto ri e come um pedaço enorme de panetone (isso fica para uma outra crônica, talvez) junto com seu sobrinho, que protesta porque gosta mais do de chocolate do que aquele que sua tia havia comprado.
Ela levou pra casa o de frutas, que aprendeu a gostar a quase um ano atrás e porque, pela primeira vez, conseguiu encarar uma prateleira cheia deles sem chorar.