Zuri e seu destino

Zuri caminha lentamente pela mata ao alvorecer. Vai afastando alguns galhos, que invadem a trilha por onde passa. Hoje será um dia muito especial. A lei manda: como primogênita, tomará o lugar de seu pai no comando da tribo, quando ele envelhecer. Este dia chegou.

Paramentada, já pronta para a cerimônia da posse, ela exibe sua beleza trajando: vestido e turbante estampados, que lhe cobrem totalmente corpo e cabeça. Ela é uma linda mulher. Alta, tem a atitude de quem foi criada para governar: postura ereta e olhar decidido e intimidador.

Desde menina, ao invés de bonecas, ela aprendeu a lidar e lutar com armas. Os sábios da aldeia têm orgulho de sua inteligência e de como absorve rapidamente os ensinamentos, apesar da pouca idade.

O dia vai, aos poucos, clareando na mata compacta e Zuri pensa em Habib. Como ficará agora o seu relacionamento? Dúvidas, muitas dúvidas. Terão que repensar. Concordará ele com um novo esquema de vida? Orgulhoso como é, aceitará ser seu subalterno? Ou romperá com ela?

Pensar nisso aumenta sua angústia. Está nervosa demais.

Sem sentir vê o dia clarear e dá-se conta que está chegando na aldeia.

Já consegue ouvir o tam-tam dos tambores e as batidas nas mãos, acompanhadas dos pés no chão.

Ela sai da mata para a claridade. Em pleno sol, a aldeia mostra-se toda enfeitada. A roda já está formada e a dança segue firme. É dia de festa e o povo aproveita.

Zuri pensa: chegou a hora! Respira fundo, ergue a cabeça, olha o céu e pede a proteção dos deuses. Acerta o passo e, sozinha, vai enfrentar o seu destino.


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