Tempos atrás eu disse que vi o Ivo.
Em uma caminhada pelo centro da cidade.
Eu vi o Ivo, mas não era o Ivo.
Ivo morrera um ano antes do dia que o vi.
O Ivo que vi, não era o Ivo.
Vez por outra dou de cara com minha irmã.
Como se a pudesse encontrar em algum lugar,
Que não nos sonhos.
Ou em sua lápide.
Será coisa de velho?
Ficar encontrando conhecidos nos rostos anônimos da multidão?
Ou, de alguma maneira, eles vêm nos assombrar?
Ou apenas lembrar que somos parte deles?
Ou que eles são parte de nós?
Vejo uma foto de uma mulher.
Em branco e preto.
A pose lembra uma dança, mas pode que esteja sentada.
O ambiente ao redor degradado.
Não se vê o rosto.
Vestes claras esvoaçantes.
Lembra personagens de filmes de horror japoneses.
De pessoas que morreram com questões não resolvidas.
E vêm assombrar os vivos.
Saudades do Ivo!
Saudades de minha irmã!
Saudades de tantos que se foram.