Vanessa Penz em foto de Gilberto Perin

De Bardot a Monalisa

Vanessa Penz

O relógio marca treze horas.

Abro a porta do quarto e o perfume de almíscar invade minhas narinas denunciando sua presença. Fecho a porta e ali está ela. Suelen me recebe com seu sorriso maroto, lembrando Bardot de tempos áureos.

Largo a chave no bidê marrom-café. Lentamente me aproximo da cama. Ela continua de bruços, com as pernas pra cima a partir dos joelhos. Deslizo meus dedos em suas curvas, desde a batata da perna até as coxas, passando pelas nádegas, demorando na cintura. Desnudo as costas de seus longos fios loiros, chegando até os ombros. Ela se arrepia e mostra-se pra mim.

A luxúria me convida através dos olhos de Suelen. Com suas ágeis mãos, pernas e boca, sou envolvido nos jogos de alcova. Três cigarros depois, ela junta do chão o livro e me entrega. Pede que eu continue a ler da página dobrada. Está fascinada e curiosa para saber se Capitu traiu ou não Bentinho. Não tiro sua ilusão de que a dúvida vai para além do final do livro.

Dois capítulos, uma conversa frívola, três notas de cem ao lado do cinzeiro. Aviso que já está na hora. Suelen confirma o encontro da próxima semana. Confirmo. Ela continua a me olhar, sentada na beira da cama. Vestida apenas da luz que invade o quarto e atravessa seu corpo ainda nu, revelando a penugem que a envolve por inteiro. O sorriso, agora é de Monalisa. Volto a sentir o cheiro de almíscar.

Bato a porta do quarto às quatorze e trinta em ponto.

 


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