2 Phil Devries

Amizade presencial

Em tempos de virtualização das frágeis relações humanas; de  conflitos frequentes entre pessoas, povos e nações, da correria cotidiana; da ansiedade, depressão, estresse e saúde mental  comprometida,  há urgência de conexões amistosas.  Precisa-se de amizade presencial. Sentir a alegria dos olhos e o calor dos abraços.

Dizem as pesquisas que a amizade contribui para a longevidade e fortalecimento do cérebro. Estimula o otimismo, a coragem, o companheirismo. Amigos substituem a terapia, a Fluoxetina, os antidepressivos, os ansiolíticos. São cura natural para o medo, as preocupações excessivas, para o perfeccionismo, para a solidão. Amigo é quem sabe escutar nossos desabafos e nossas lamúrias com toda a paciência. Sabe escolher as palavras certas e luminosas, acalma, incentiva, aponta o horizonte mesmo quando escondido sob a fuligem. E nos nossos ataques de pânico, raiva e inconformismo, só abraça e fica em silêncio. Está ali, presente!

É aquela pessoa para quem revelamos nossos segredos, sem sustos. Com quem não temos medo de despir nossa alma e revelar o melhor e o pior de nós mesmos. Amigo pode não compreender, mas não condena… Sabe criticar com ternura, para que possamos mudar nossas atitudes. É uma troca de vivências, de impressões, de sentimentos.

Amigo é com quem gostamos de estar, rir, contar ou ouvir uma piada, mesmo que sem graça. Falar dos pequenos e desimportantes acontecimentos do dia, as alegrias, as aflições, aquilo que iluminou nosso olhar. Discutir o livro que lemos, a poesia, a música, um filme novo e recomendado, uma pessoa que conhecemos, um novo amor ou um antigo que nos reconquistou. E falar de sonhos, de uma viagem., de um caminho inusitado e dos desafios e encruzilhadas.

É quem se interessa pelo que nos acontece. E pergunta e quer saber mais: telefona, escreve, aparece, mesmo que de vez em quando. Quando distante, sabemos que sempre que for preciso, basta chamar, que abrirá a porta e os braços. Tem um jeito único para  nos fazer rir sem motivo, que nos faz acreditar no amor, tanto que chegamos até a confundir com alma gêmea. E, principalmente, perdoa nossa ausência e falta de tempo.

Há urgência de amigos presenciais. Que gostem de boas conversas, de cerveja, vinho ou só água com limão. Que estejam sempre animados para dividir uma pizza, um prato de massa, pedaços de vida. Que se divirtam com coisas simples: uma disputa no boliche ou um jogo de baralho ou  jogar xadrez. Precisa-se de amigos que ensinem a jogar xadrez!

Amigos verdadeiros são raros. Talvez porque, com a falta de tempo, o corre-corre,  também nós não permitimos a aproximação o bastante, não mostramos a alma, não fortalecemos laços.

É indiscutível que a amizade verdadeira é luz que transcende a nossa condição humana.

E mais: a morte só seria aceitável, daqui há muitos anos, se a temida chegasse num final de tarde, em frente ao mar, e nos encontrasse bebendo uma taça de vinho com um bom amigo. Só assim seria aceitável dizer adeus para sempre: segurando a mão de um amigo verdadeiro!



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