Douglas Smith por Soraia Schmidt

Larissa

Soraia Schmidt

Chegou ao terraço

Sentou na beira

Balançou as pernas

Olhos secos e fixos para baixo

Escolhera o lado feio do predio

Subiu contando os degraus – 190

Só de meias

Não tinha pressa

Não mais existia o tempo

Eram as escadas por onde se escoa o lixo

Ninguém a incomodaria.

A noite se gastou e desbotava

Um alvorecer pálido se esboçava

Outro dia sem cor, por certo, cinzento.

Sentia nada

Só os ombros. Pesavam-lhe

Olhava o lixo, o beco, o seu vazio

As saídas dos fundos; escapes, refúgios, fugas

A sujeira composta na parte de trás. Às escondidas. Era a humanidade.

O caminhão de lixo, dormido ali

Estaria o motorista acordado?

As luzes ligadas

Sem ter para onde ir

Beco sem saída, imensidão

O mundo era isso.

Pulou de braços abertos

Foi sua última visão


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