Dores e amores

Ah, o amor!

A paixão costuma deixar as pessoas cegas, surdas, mudas e, digamos, desprovidas de inteligência. Seres humanos nesse estado costumam ficar teimosos, não admitem nenhum comentário sobre o ser amado e escapam que nem sabonete de um tete a tete com a razão.

Nada mais lindo do que as histórias infantis com a célebre frase: “…e foram felizes para sempre!”, principalmente quando existe uma princesa maravilhosa, jovem e com aquele cabelo lindo de propaganda de xampu, e um príncipe sarado, loiro, de olhos azuis num cavalo branco! Palmas, palmas e mais palmas.

– Acorda, Alice, terminou o filme.

– Filme, que filme? – ela pergunta.

– Aquele inverossímil que termina achando que a princesa ficará sempre bonita e sem cabelos brancos e o príncipe não terá barriga e nem ficará careca.

Somos todos prisioneiros da fantasia chamada paixão e acreditamos que, se colocarmos a capa igual a da Chapeuzinho Vermelho, estaremos imunes de qualquer dor após a facada no lobo mal. E não adianta pedir as tranças para a Rapunzel porque ela usa cabelo curto, é não binária e na fase atual está curtindo a menina do cursinho de inglês.

Mas não precisamos ser tão críticos assim com relação ao amor que, mesmo sendo cego consegue, emprestar a visão de raio X para que as pessoas vejam o mundo de forma diferente, como no caso do filme O amor é cego.

Ok, só Pra não dizer que não falei de flores, como cantava Geraldo Vandré, também existem amores com final triste, mas tão triste, que usamos uma caixa de lenço de papel durante o filme inteiro e a mocinha morre no final – Love Story. E quando ambos morrem de amor, como no caso de Romeu e Julieta que falavam como se estivessem recitando poemas do século XVI?

Ah, o amor, com seu espelho multifacetário refletindo nuances diferentes desse sentimento incontrolável e sempre querendo o impossível. Mas não podemos viver sem ele, nem que seja em sonho.


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