Palavra com uma única sílaba, abstrata. Forte para quem crê e insignificante para os descrentes.
Fale de fé para quem tem fome, quem está numa guerra, quem acreditou que milagre existia.
Para os famintos, a mingua é o destino. Ao soldado, a morte é o fim e, para quem esperou o milagre e ele não veio, a fé não tem sentido. É vazia, como o significado da palavra. Sem fundamento, sem argumento e sem perdão.
Mas, para aqueles que creem no abstrato, nada mais sólido do que a fé.
Basta perguntar para uma mãe que tem seu filho doente deitado num leito. Com certeza, ela espera o tão desejado milagre.
Para um clérigo, ela é divina e opera milagres. O moribundo que nada mais espera da vida terrena, coloca sua fé na esperança de uma vida melhor após a morte, até porque, se assim não o fizer, sua existência não terá sentido.
Essa crença também pode ser vendida, barganhada ou prometida por algum tipo de moeda. Um prato de pipocas, dinheiro ou simplesmente trocada.
Se a fé é a absoluta confiança que se deposita numa ideia ou fonte de transmissão, como ser negociada? Por vezes até sucateada? Isso não importa para quem acredita no inesperado. Se tirar a esperança dessas pessoas, é como privá-las do ar que respiram e então, a vida não terá significado.
Com fé ou sem fé, a humanidade conseguiu chegar até os dias de hoje. Muitas vezes claudicantes, quase nos estertores, outras em abundancia. Ousamos dizer que na maior parte do tempo, existindo dia e noite sucessivamente, com fé de que o dia de amanhã será melhor que o de hoje.