Um passo no jardim. Depois outro. Três.
Meu menino veste uma camiseta do super-homem. A camiseta do super-homem foi ideia do meu marido. Eu não gosto muito de histórias de super-heróis.
Meu pequeno saiu a conquistar o mundo.
Não foram os primeiros passos. Os primeiros foram dentro de casa. Lembro do dia em que meu marido começou a gritar na sala. Eu estava na cozinha. Ele gritava, me chamava para testemunhar o nosso bebê fazendo um esforço para erguer-se, se agarrando e se apoiando no sofá.
E dali foi aos reais primeiros passos. Sempre agarrado ao sofá. E também à poltrona, e à cortina. No início todo apoio parecia necessário.
Tempos depois, a aventura de largar os suportes. De se equilibrar sobre os próprios pés. Tão maravilhoso de ver. Eu, pelo menos, fiquei maravilhada. Compartilhei do entusiasmo do meu marido a cada etapa dessa evolução.
E agora os passos no jardim.
Meu pai tem uma foto de quando ele caminhava na Redenção. Uma foto em preto e branco, das poucas que registraram a sua infância. Gentileza de uma amiga da família. Meus avós paternos nunca tiveram uma máquina fotográfica.
Talvez para compensar, o velho tenha gastado um dinheiro que não sobrava para comprar uma câmera e filmes, e tenha tirado tantas fotos de mim e do meu irmão. Mas não lembro de nenhuma foto marcante de algum de nós dois dando passos vacilantes, com, sei lá, um ano de idade.
Observar o início da caminhada dos filhos é uma satisfação dos pais. Meu pai não lembra dele mesmo caminhando na Redenção. Eu não lembro de quando meu pai registrava nossos passinhos hesitantes.
Meu menino veste uma camiseta do super-homem. Eu não gosto muito de super-heróis.
Meu marido fotografa o momento. Com o celular. Lá vai o conquistador, o, que seja, herói.
Na caixinha bluetooth toca David Bowie – Heroes. Influência da família do meu marido.
“We can be heroes, just for one day”…
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