Se pedirem para você pensar em algo característico de Londres, do que você lembra? Provavelmente do Big Ben, dos ônibus vermelhos ou da Rainha Elizabeth.
De Roma, certamente, do Vaticano e talvez do Coliseu ou da Fontana di Trevi.
De Veneza, das gôndolas mesmo que você nunca tenha ido até lá.
Mas, e de Paris? Posso dizer, sem medo de errar, que é da Torre Eiffel que você lembra. Mesmo aqueles que nunca foram ou não tem o mínimo interesse em visitar a Cidade Luz, conhece a famosa torre nem que seja através de fotos.
Esta magestosa senhora levou dois anos para ficar pronta lá nos idos de 1889. Projetada como peça central de uma exposição numa feira mundial que celebrava o centenário da Revolução Francesa, foi extremamente criticada por artistas e intelectuais da época por seu design. A ideia inicial era que ela fosse desmontada após a feira, mas segue até hoje sendo o monumento pago mais visitado em todo o mundo.
Cresci ouvindo histórias da bela Paris. Tive meu primeiro contato com a língua francesa com uma tia, professora de francês, apaixonada por tudo o que dizia respeito àquele país. Nas tardes de terça-feira, eu e meus primos com idades entre cinco e onze anos, praticávamos o bonjour monsieur Piquet, bonsoir madame Dipon entre tantas outras frases. Por influência dela, fiz faculdade de letras e segui estudando aquele lindo idioma. E o desejo de visitar a cidade esteva sempre presente.
Finalmente o sonho tornou-se realidade.
Chegamos à Paris numa tarde nublada de um outono gelado. E nos cinco dias que lá ficamos o tal do astro rei não deu as caras. Mas quem se importa se não tem sol estando em Paris? Eu estava ansiosa, feliz e louca para perambular pelas ruas. Mal largamos as malas e eu já quis ir pra junto dela: a magestosa Torre Eiffel! De perto ela é ainda mais grandiosa.
Horas na fila. Quem se importa? Veria Paris lá do alto.
Subimos por um elevador interno. Então, nada de vista. Quem sobe pelas escadas pode ir observando a cidade ir diminuindo pouco a pouco. De elevador, só o que se vê são estruturas de ferro.
Mas quem sem importa? Veria Paris lá do alto.
Chegamos ao topo. E cadê Paris? Dia nublado, nuvens baixas. Nada se via…Só nuvens cinzentas. Que decepção.
– Quem sabe esperamos um pouco? Vai que com o vento as nuvens se movimentam e conseguimos ver os prédios lá embaixo?
Mas que vento? Nem uma brisa leve. Desistimos.
Descemos e saimos a passear. Eu queria muito colocar em prática anos e anos de estudo daquele idioma. E veio outra decepção. Mesmo sendo gentil e iniciando todos os diálogos pelo bom e simples bonjour, só recebi respostas lacônicas e mal humoradas. Aliás, os parisienses são famosos por tratar mal os turistas. Eu senti isso na pele. Todo o encanto que eu tinha por aquela capital no meu imaginário, perdeu-se em poucos dias.
Mesmo com este tratamento, consegui me fazer entender e não deixei de saborear os famosos croissants e macarons.
Ainda pretendo voltar à França mas à Cidade Luz? Je ne sais pas.