Sozinha, iniciei a viagem. No meu veleiro, Gaia, estava disposta a seguir o caminho do vento. É preciso coragem. O percurso é incerto; os desafios, uma certeza. Durante a jornada, contei com amigos. Com alguns, compartilhei breves momentos; com outros, dividi anos de parceria. Mas de nenhum deles esqueci. Todos têm um lugar nas minhas lembranças sobre a vida no mar.
Águas revoltas enfrentei e, certamente, não apenas uma única vez. O convés é liso, difícil de se segurar. Levantei sempre que caí. Em dias de tempestade, o mar bravio lança sua espuma sobre mim. O banho de águas doce e salgada fortalece. O arco-íris aparece no céu, sinal de que a chuva já se foi. No dia seguinte, a calmaria predomina.
À noite, navegar é uma aventura ainda maior. Às cegas, procurava um porto seguro. Sabe aquela sensação de não ter certeza se está no caminho certo? A cada decisão sobre o rumo a seguir: insegurança, medo e ansiedade. A luz de um farol iluminava o caminho. Visualizo aonde quero chegar.
O coração se enche de felicidade quando avisto o meu destino. Eu consegui. Agora tenho clareza da importância de toda a viagem para compor a pessoa que hoje eu sou. Curiosamente, já não choro mais pelas adversidades, mas continuo rindo das conquistas e dos momentos alegres. Aporto.
Sozinha, finalizo a viagem. Olhando para trás, eu e minha companheira de jornada Gaia vivemos bons momentos juntas. Tenho orgulho da trajetória. É hora de dizer adeus. Gaia fica e eu vou.
- Até a próxima aventura, boa amiga. Fica bem.