Sentada à sombra na varanda do clube, Nadir espera pacientemente a chegada do veleiro. Não tem nada a fazer a não ser usufruir de um momento raro na sua vida. Estar só; marido e filhos foram velejar.
Estende um olhar à sua frente. Poderia estar de olhos fechados que veria a mesma paisagem através das pálpebras. Conhece-a de cor. O Guaíba calmo, veleiros na tarde ensolarada e bem ao fundo, sua querida cidade de Porto Alegre com um dos seus símbolos em destaque: o Gasômetro.
Sente as pernas adormecidas; ficou muito tempo na mesma posição. Levanta e caminha um pouco ao redor; a tarde está caindo e o por do sol, como sempre, dá o seu espetáculo. Vai até o farol na entrada do ancoradouro. Daqui a pouco com sua luz ele iluminará tudo ao seu redor.
Olhando o horizonte percebe que estão voltando. O farol, já aceso, indica o caminho e eles atracam.
Olha sua família feliz; as crianças contando novidades. Sente não ter ido junto. Mas aproveitou a tarde para por os pensamentos dispersos em ordem. Também ela encontrou o seu norte.