Andrzej Dudzinski por Altino Mayrink

Metalmorfose

Altino Mayrink

Vez por outra vem a minha mente uma lembrança dos tempos de menino, adolescente, antes da maioridade. Dessa vez eu me vi rememorando duas séries dessa época. The six million dollar man e The bionic woman. Foram razão para muitas especulações do meu eu em ebulição.

Num desses anos, um amigo foi atropelado e teve que colocar uma prótese de platina de catorze centímetros no fêmur. Até hoje ele tem problemas para entrar onde tem portas com detetor de metais, tendo que apresentar um documento que especifica essa diferença. A fantasia tomou corpo na minha imaginação, e ele foi como um “laboratório” para criar personagens e enredos nesse caminho.

Ainda faltava muito para o advento do Robocop, mas eu já imaginava a possibilidade de pessoas serem “completadas” por partes não naturais, com aumento de rendimento físico a partir desses aparatos. Para mim, a visão de longo alcance do Steve Austin, protagonista de “seis milhões de dólares” vivido pelo ator Lee Majors, seria o que me completaria melhor. Eu queria também a superaudição de Jammie Sommers, personagem da atriz Lindsay Wagner na “mulher biônica”.

Parte de mim ficava horrorizada pois precisaria um acidente de graves proporções para tornar-me um ser robotizado, completado, ciborgue. Ninguém pediria o que aconteceu nas séries com o ex-astronauta, a tenista ou o policial, para que fosse “modificado” e “potencializado” por implantes. Mas sabe como é a cabecinha dos imaginativos; em minhas reflexões, bastaria uma boa quantidade de dinheiro e disposição para fazer as “modificações”. Me espelhava nas inúmeras cirurgias plásticas que estavam virando moda na época. Se você podia moldar seios, nádegas, panturrilhas etc., tudo poderia ser feito.

O que era prosaico, virou viagem e depois foi diluindo em conhecimento científico e perdendo a graça juvenil. Me contento hoje com os óculos em dia, bons gadgets de informática, e uma glutonia especializada. Como diz Tia Rita: “meu sonho é ser imortal, meu amor. Não quero luxo, nem lixo. Eu quero apenas gozar no final.”

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