Templos e Estética
Soraia Schmidt
Desde sempre templos são construídos pelo homem. Alguns simples e aconchegantes, outros com pompa e ostentação.
Beleza, estética e luxo não são sinônimos nem interdependentes. Templos servem, na essência, a coisas da alma. É um dilema para o ser humano entender a vida, a morte, o sofrimento, a impotência, a vulnerabilidade e a falta de controle. Deuses são necessários para explicar tanto mistério. Pensamento mágico, fé, medo. Poder. A tirania humana junta os ingredientes: cegueira, manipulação, domínio.
A arte serve para dar vazão a essas angústias existenciais, assim como os templos. Não acho que seja mero acaso a coincidência de tudo isso: arte, beleza estética, luxo, ostentação.
A estética também é uma necessidade de humanos (uns mais, outros menos). Quem não gosta de coisas belas? Mas o que é belo, o que é estético. Pode ser uma beleza plástica, com padrões bem definidos, calculados, artificiais. Alguém dita o padrão. O tempo, as crenças, a cultura, a moralidade. Templo com uma forma padrão.
No meu humilde não entendimento, ouso dizer: a estética maquia. Esconde a verdadeira arte, que é livre.
Então, ao ver esta foto, cuja arte muda a imagem, também vejo a manipulação que fazem nos templos, do que tem de mais sagrado na vida: a alma. Pois fazem guerras, nos matam, dominam. Em nome da fé, da religião e de uma força estética.
Precisamos mesmo de tanta ostentação?
Meu templo é simples. Feito de verdes, azuis, silêncio e passarinhos.
E Deus está lá.