Repercussão

A ciência nos dá a luz, nomes e explicações. Amplia nossa capacidade de percepção, compreensão e evolução. Às vezes é tão impactante que muda paradigmas. Como a teoria da relatividade de Einstein que nos fez aprender um pouco mais sobre quem somos. A tênue fronteira entre energia e matéria, ou melhor, sua inexistência.

Na descoberta do código genético, muitos avanços, mas não as respostas absolutas. Com a filogenética, expandimos para além do determinismo dos genes. Não somos apenas a expressão deste código. Temos uma complexidade ainda maior. O meio em que vivemos, as experiências sensoriais, físicas, emocionais, ambientais, alimentares, sociais, e a interação entre elas, têm a capacidade de modificar, bloquear ou amplificar a expressão dos genes. Isso ocorre de maneira sutil ao longo dos anos e se expressam em centenas ou milênios. No breve curso de tempo de uma vida humana, muitas vezes é imperceptível, mas está lá, impregnada em nosso jeito de ser e sendo modificada a cada instante. As células têm uma memória armazenada, geradas nas reações físico-químicas das moléculas, em todo corpo. Vêm de experiências prévias transgeracionais. Herdamos uma bagagem pronta e não apenas na memória cerebral.

Através dos sentidos do corpo elas se revelam ou não a depender da nossa sensibilidade, perspicácia, capacidade de entrega e liberdade. Se agimos o tempo todo de acordo com as etiquetas sociais e padrões protocolares da cultura hegemônica não abriremos a fechadura. Elas estão no instinto. Bem ao fundo.

Um cheiro desperta memórias tão profundas quanto fortes não é mesmo? E tem algo que se impregne mais do que um cheiro? Talvez um sabor? Um som? Depende. Tudo é relativo. Depende de vários fatores, inclusive se seu nariz, depois de tanta poluição e rinites, ainda funciona bem. Mas é um dos sentidos mais importantes na evolução das espécies. Serve magistralmente à sobrevivência e à reprodução até nos dias de hoje.

Acredito eu, que somos feitos de matéria, energia e história. Tudo impregnado no DNA.

O som do batuque, a percussão, evoca memórias ancestrais. Inconscientes, mas que estão lá, nas células. Por isto, tão forte. Emociona. Arrepia. E a gente não sabe por quê. Creio ser uma das primeiras formas de manifestação cultural e de comunicação humana. Anunciavam guerras, mortes, nascimentos, comemorações. Eram chamados. Ecos que estão dentro de nós em forma de ATP, molécula que produz a energia na matéria. Por isto, retumba. Mobiliza. Rompe barreiras.

Mulheres guerreiras

Solo guerreiro

Repercutindo

Estão a inscrever nos genes.

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