Cinzas

Boa noite, memória

Hoje não está tudo bem

Morri há seis dias

Antes do mês que vem

Este é meu espólio

Tudo que me sobrou

Lataria velha da existência

Resquício do que passou

Não existem mais lembranças

Com meu corpo desfalece

A roda da vida não perdoa

Numera gente e amanhece

Existi no reflexo do espelho

Como se fosse assombração

Foram muitos anos de vida

E um jogo de perdição

Nesse tempo fui baralho

E me deixei misturar

Com a saliva da tua pele

Com a cor do teu olhar

Depois disso virei vulto

Vaguei perdida por ai

Não me permiti colher

Nem pra semente servi

A cicatriz no meu braço

A chave na ignição

Assim termina a história

Quando para o coração

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