Steve Johnson por Soraia Schmidt

Estrada

Soraia Schmidt

Estrada. Uma das muitas coisas que nos inspiram. Não apenas para escrever, mas para viver. Desperta a alegria de poder viajar, sair de férias, mudar de cidade, de país. Nos conduz. Abre caminhos. Deixa para trás o que quisermos que fique. À frente, novas possibilidades e descobertas.

Pela paisagem vamos nos espalhando. Numa via de mão dupla, nos descarregamos nela e absorvemos a energia bela e pura da natureza. Ou mesmo de sua tristeza e feiura. Por mais insólita que seja, impossível não ver. A não ser que não a olhemos, o que significa perder grande parte do prazer de viajar. Ela vai nos enchendo e transbordando sensações. As cores, luzes e sombras pintam um cenário digno de receber nossa alma. Também há o vento, a brisa, o silêncio, a algazarra e a música que embalam nosso não pensamento. Pois sim, se nos deixarmos levar, viajar significa entrar numa rotação onde o pensar é um nãopensar.

O movimento contínuo a mudar o que vemos concretiza a passagem do tempo, a sequência infinita de instantes. E não estamos parados a vê-los passar. Estamos indo juntos. A inércia do movimento, o ruído sucessivo dos pneus no chão e a paisagem mutante, inebriam. Criam a sensação de estarmos dentro do tempo, de não sermos ultrapassados por ele, quando sempre ficamos para trás. Somos tempo-espaço, e isso é voejar.

Momento de deixar emergir, momento de imergir. Ou simplesmente de esvaziar-se. Misturar-se. Em si, aos outros, à paisagem, ao tempo e entregar-se ao porvir.

O destino?

Não importa. Se formos de malas vazias, voltaremos com elas cheias.

Iremos rumo à liberdade.

gostou? comente!

Rolar para cima