Rafal Olbinski por Rubem Penz

Cornélius forever

Rubem Penz

Em se tratando de ambiente ideal para um vírus se propagar, as metrópoles são pródigas. Paradisíacas, até. Caso pareça um conceito moleque, basta olhar os números de infectados em países e comparar as grandezas em cidades de pequeno porte. Quanto mais pessoas, e mais perto umas das outras, melhor para um organismo que se espalha de um para o outro. Londres, Paris, São Paulo e Nova York em tempos de Covid-19 estão aí para servir de comprovação. São os cenários da tragédia.

Ao constatar isso surgiu na mente o antigo seriado estadunidense Túnel do tempo – 30 episódios que foram ao ar entre 1966 e 67, reproduzidos no Brasil nos anos 1970. Grosso modo, os cientistas Douglas “Doug” Phillips e Anthony “Tony” Newman, interpretados por Robert Colbert e James Darren, entravam numa máquina capaz de pular as épocas, e nela ficavam presos, saltitando de ano em ano, país em país. O enredo era sempre meio parecido. Por exemplo, quando caíam em 1912, estavam onde? Dentro do Titanic, claro. Vai ter mira boa assim lá no Canal ABC!

Se houvesse uma refilmagem de Túnel do tempo, já posso imaginar locais e datas para a produção explorar na história recente. Fosse em chegar em 1986, estariam na Ucrânia, Chernobyl e, logo depois, em 1989, obviamente, em Berlim. Para 2001, nenhum outro ponto senão Nova York, mais especificamente em 11 de setembro. Também poderiam estar na eleição do Mandela, entre atletas israelenses em Munique, dentro da Challenger… Tony e Doug chegariam um pouco antes dos acontecimentos, e seriam resgatados a tempo de não morrerem, ajudando a história ou, que lamentável, sem conseguir driblar os fatos.

Com a série como argumento, dá vontade de perguntar para todos os que sonham dia e noite em morar nas grandes cidades: em tempos pandêmicos, será mesmo seguro? Vida longa, leve e sem sustos, de verdade, acontece em Cornélius, ali no meio do caminho entre Terra de Areia e Capão da Canoa. Diz que dois grigos apareceram ali, do nada, lá por 1968. Como tinham nomes complicados, adotaram para si Zé (Zê) e Tião (tiáo). E, quando meio embriagados, nas rodas de pescadores, falavam sobre terem quebrado uma máquina importante, coisa de ciência. E que, pelos planos da época, ela estaria pronta para levá-los para Memphis, Tennessee. Papo sem noção.

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