Joyce Kitchell por Regina Starosta

A Toalha Chinesa

Regina Starosta

Uma pequena crônica familiar

Gina e Haroldo mais sua filha única Juliana, constituem uma família padrão. Pai engenheiro de uma construtora, mãe secretária executiva e filha enfermeira que está noiva de Pedro, recém formado em medicina. Formam um núcleo feliz.

Juliana e Pedro estão de casamento marcado para dentro de 20 dias. Irão morar no interior aonde Pedro foi contratado para trabalhar no hospital. Já está tudo pronto; do enxoval até a casinha nova

O ambiente em casa mudou. Aquele leveza do ar, a risada espontânea, a conversa gostosa do fim do dia, tudo ficou relegado prá depois. O momento é de reflexão. Os pais disfarçam as suas preocupações numa conversa casual.

Os dois sentado em frente à televisão ligada, olhando sem realmente ver, cada um com seus pensamentos, esperam a hora de ir dormir. Gina procurando aliviar o ambiente diz:“ontem tirei da gaveta a toalha da sorte”. Ele a olha como quem desperta. “Lembras do casal de imigrantes chineses que bateu à nossa porta vendendo mercadorias? Éramos recém casados, pobres, contando os centavos e dissemos não”.

O velho então pegou uma toalha de mesa e abrindo-a disse em mau português: ” esta é a toalha da sorte.” Nos pegou de surpresa. Era linda, a toalha mais linda que eu já tinha visto. Fiquei extasiada. Me olhaste e disseste:” vamos ajudar essa pobre gente.”

Vou por junto no enxoval de Juliana. Ela vai levar a nossa boa sorte com ela.”

Ele a abraça. A emoção aflora e ambos desatam os nós trancados na garganta. Chorando antecipam as saudades que sentirão.

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