Camilla Duncan em foto de Gilberto Perin

Doce amargo

Camilla Duncan

A derrota era a sua maior adversária. Por mais que lutasse contra ela, jamais ganhava.

Após perder a luta, vezes consecutivas, com rosto machucado e corpo suado, Átila saiu do Clube da Luta sob as vaias da plateia.

Dirigiu-se ao bar mais próximo, sentou-se no balcão e pediu uma dose de cachaça.

Embora não fosse dado a bebida, queria ter um alambique, para destilar o gosto amargo que lhe subia a garganta. Esquecera o sabor da vitória.

Na penumbra do bar, em uma mesa de canto, uma morena de cabelos cacheados e olhos brilhantes lhe chamou a atenção. Dirigiu-se a ela e pediu permissão para sentar.

Na vitrola a canção, “você é luz, é raio, estrela e luar”. Toques casuais nos braços. Embebidos de trago e beijos, como fogo e paixão a caminho do motel.

Os lençóis de segunda categoria, transformam-se no ringue de uma luta ardente, onde não existia perdedores.

Entre as pernas da morena recorda, então, o doce sabor da vitória.

Pergunta o nome dela, saciada lhe diz: Esperança.

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